Quem queremos ser?
Mateus 5:13-16
Para quem Jesus está dizendo isso?
A princípio isso parece ser simples de responder. Mas se olharmos o contexto, percebemos que ele está dirigindo essa palavra a um grupo específico. Esse texto está dentro de um evento importante, aquilo que seria o maior de todos os ensinos: o sermão da montanha, que Jesus pregou para os discípulos.
1ª Pra quem Jesus está dizendo isso?
2º Em qual contexto ele está dizendo isso?
3º o que significa ser sal e luz?
O Sermão da Montanha começa com silêncio e não com palavras. Mateus descreve esse movimento que acontece. Mateus 5:1-2
Imagine que Jesus estava junto com a multidão. A multidão está seguindo a Jesus, ele observa a multidão e tem uma outra visão, no meio da multidão, ele vê os seus discípulos aproximarem-se dele e faz o gesto de quem pára para ensinar, que é se sentar e fala a seus discípulos.
Temos aí dois círculos de seguidores de Jesus: a multidão e os discípulos. E é da multidão que saem os discípulos.
A multidão seguia a Jesus e tinha um motivo muito claro pra seguir a Jesus: Jesus dava pão, Jesus fazia milagres, curava...entretanto, o entusiasmo que sobrava na multidão faltava no compromisso dela com relação a Jesus.
A multidão segue a Jesus por tudo o que ele proporciona por tudo o que ele pode dar, por causa das coisas extraordinárias que ele pode realizar. Mas a multidão dificilmente consegue ter o compromisso que os seguidores que são discípulos precisam ter.
Os discípulos não seguiam a Jesus pela esperança de Jesus fazer milagres.
A motivação dos discípulos em relação a Jesus está dada no CHAMADO.
Jesus chega até esses homens, Jesus chega a um cobrador de impostos, não faz nenhum sermão, nenhuma pregação, ele olha praquele homem e diz: segue-me e o que causa espanto é que aquele homem larga tudo, não faz um estudo, não faz um curso de teologia, não busca entender tudo, ele simplesmente larga tudo e segue a Jesus. Entre o chamado e a obediência do discípulo não existe outra coisa senão a própria obediência. O discípulo não pensa duas vezes diante da ordem do seu Senhor.
Aqui seguir a Jesus não é seguir as ideologias de Jesus, não é seguir o que Jesus pensa. Quando Jesus olhava para alguém que ele queria que fosse seu discípulo e dizia: segue-me, esse alguém tinha que segui-lo literalmente. Acompanha-lo onde quer que ele vá. Muitos deixavam suas casas, suas atividades para seguir a Jesus.
Isso significa que quando esses homens foram chamados por Jesus, manifestaram dentro deles uma vontade de seguir a Jesus que estava para além de tudo aquilo que poderia prende-los nesse mundo.
É como se estivessem diante daquilo que era mais importante na vida deles, diante de Jesus nada seria mais importante.
Então a gente já sabe pra quem Jesus estava dizendo isso. Jesus estava dizendo aos que foram chamados para serem seus discípulos. Jesus não disse vós sois sal e luz para todos. Ele disse para aqueles que responderam ao seu chamado.
A segunda questão importante é qual é o contexto que Jesus diz isso?
Note que quando Jesus os chama para segui-lo, eles tem que abandonar uma série de situações pra seguir a Jesus e não é fácil tomar grandes decisões.
A gente lida para tomar decisões com um clamor que arde dentro da gente que é o desejo de ser feliz. Todos nós desejamos ser felizes. Não há ser humano na face da terra que não deseja ser feliz. E toda nossa energia está direcionada para buscar a felicidade.
Mas o que faz alguém desistir de todo o seu trajeto, de toda a sua maneira de buscar felicidade e aceitar uma outra proposta, uma outra visão de mundo, uma outra realidade?
É interessante como Jesus abre o discurso com eles...Bem-aventurados...
Jesus usa um adjetivo para classificar esses discípulos: FELIZES.
O que é felicidade, bem aventurança? Observe todos os momentos em que ele diz: felizes...ele diz sobre o q diz respeito a realidade presente e a realidade futura....note que independente de ser uma realidade presente ou uma realidade futura, eles são felizes!
Como o homem entende a felicidade? Atos 17:18 Paulo encontra dois grupos de filósofos.
Os epicuristas acreditam que a felicidade está no prazer. Quanto mais você buscar o prazer, mais vai alcançar a felicidade. Todas as escolhas que você faz é pra buscar prazer pois a felicidade só é possível se eu prolongar o prazer. É a escravidão do prazer.
Como prolongar o prazer de tal maneira que nosso coração não sinta o vazio quando eu estou nos intervalos desses picos de prazer?
Já os estóicos diziam: você tem que parar de buscar a felicidade e aí você vai ser feliz. Não crie expectativas sobre nada...seja indiferente e você não terá expectativas frustradas pois isso provoca dor. Tire de todas as coisas a sua volta a esperança e então você vai ser feliz.
Os gnósticos diziam se você tiver conhecimento, inteligência, você será feliz.
Uma outra corrente dizia que a felicidade não existe mas você cria essa idéia para que você não pendure seu pescoço numa corda. Então você coloca a felicidade como um objetivo que na verdade você nunca vai alcançar.
Felicidade para Jesus Cristo não tem nada a ver com isso.
Felicidade para Jesus é o contentamento e a alegria que pode sentir alguém que está sendo injustiçado, alguém que está chorando uma tristeza profunda esse alguém pode sim ser feliz.
A felicidade não é um momento de calmaria, se tudo vai bem aí vocês são felizes. Não, Jesus está dizendo, vocês vão passar fome, vocês vão passar sede, vocês serão perseguidos e vocês ainda assim são felizes.
Note que Jesus diz algo bem interessante encerrando esse momento de bem aventuranças...alegrem-se, regozijem-se....a despeito de todas as implicações que existem em seguir a Jesus.
Quais são as implicações de seguir a Jesus? O que faz vc discípulo e não multidão?
O que Jesus queria dizer para esses homens que são felizes apesar de qualquer situação quando ele diz que eles são o sal da terra e a luz do mundo?
A primeira coisa que ele quer mostrar é que eles não são extraordinários. Sal e luz são coisas comuns. Deus não chamou você para ser extraordinário.
Já parou pra pensar que o que menos importa para a pessoa que usa o sal na comida é o provar o sal e sim a comida? A importância do sal está no contato com a comida. É esse contato que torna não o sal saboroso mas a comida saborosa. Jesus está dizendo: vcs são adereços.
Tanto na experiência do sal, como na da luz, a gente ver um doar, uma entrega, eles colocam a gente numa relação onde a gente precisa se doar, a gente precisa ser gasto.
Jesus diz: vocês são felizes a despeito de todas as implicações, inclusive perseguições mas isso não vai fazer de vocês pessoas extraordinárias ao contrário, vai exigir que vocês doeem a si mesmo. Não poderemos mais sermos ilhas fechadas em nós mesmos e nos nossos muitos compromissos.
Os discípulos de Jesus deram um passo além das multidões. Lembra quando parte da multidão vai embora pq o discurso de Jesus foi meio duro? Jesus vira para os discípulos e perguntou: E vocês? Não vão querer fazer o mesmo não?
A resposta de Pedro não foi: para onde iremos e essa foi a beleza desse texto. A resposta de Pedro foi para QUEM iremos.
Para um discípulo de Jesus não importa onde, importa com quem. Não importa se você está no mais profundo abismo, a pergunta é com quem você está lá. Você pode estar num momento de profunda alegria e a pergunta com quem você está no dia dessa alegria extrema.
Quem estamos seguindo? Quem é aquele que nos trouxe sabor a nossa vida e iluminou a nossa mente?
Funções do sal:
Dar sabor e impedir que a carne por exemplo entre em estado de deterioração. O sabor não é algo que está no sal. O Que tem que se tornar saboroso é o alimento e não o sal. Vcs tem que tornar esse mundo saboroso. Vcs tem um comprometimento em impedir o máximo possível a deterioração da sociedade de hoje, temos um compromisso com a justiça de Deus.
Mas para isso o sal precisa tocar o alimento. Se continuarmos como ilhas, se continuarmos sem termos contatos uns com os outros nós não poderemos cumprir essa função.
Sejamos pontes e não muros. Muros separam, segregam, ofuscam. Pontes ligam , aproximam, unem. Através da ponte poderemos enxergar o outro lado, transpor as barreiras, ter uma visão ampliada do horizonte que se apresentava muito limitada, muito restrita.
As pontes podem ser construídas pelo diálogo, pela disposição de servir, pelo oferecimento do ombro amigo nas horas tristes ou pela disposição de apenas ouvir.
Função da luz:
O Ministério do Holofote. (J. L. Packer) Pra que serve o holofote? Para iluminar algo importante.
Holofotes não foram feitos para iluminarem a si mesmos. Nos ensina a sermos como uma luz que ilumina de fato aquilo que precisa ser visto: Jesus de Nazaré
Colossenses 2:6-7
Portanto, assim como vocês receberam a Cristo Jesus, o Senhor, continuem a viver nele,
enraizados e edificados nele, firmados na fé, como foram ensinados, transbordando de gratidão.
Paulo traz a imagem que ele traz no início da carta de Colossenses quando ele diz:
“Pois ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado” Colossenses 1:13
A idéia original aqui é a de que nós fomos arrancados como plantas, com nossas raízes do terreno das trevas e fomos transportados para um outro terreno, o terreno do Reino de Jesus.
Paulo traz a idéia de que agora nesse novo terreno, nós precisamos lidar com nossas raízes. Precisamos estar enraizados nesse novo terreno.
Sabe o que é preciso?
1º ) é preciso identificar que tipo de seguidor você quer ser: um discípulo ou a multidão?
2º ) se você optar por ser discípulo, é preciso desenvolver urgentemente a arte de crescer para baixo. As raízes crescem para baixo. O crescimento para baixo é o crescimento da profundidade, é o crescimento que ninguém vê. É o crescimento que sustenta toda a sua caminhada, é o que garante que você se mantenha firme na vida com Cristo.
Crescer sem aparecer é o que vai nos sustentar. Crescer sem plateia, aprofundamento sem fama, sem aplausos. É o crescimento das raízes no solo do Reino de Deus. Ninguém vai conseguir arrancar mais uma árvore que cresce assim.
"Mera mudança não é crescimento. Crescimento é a síntese de mudança e continuidade, e onde não há continuidade não há crescimento." C. S. Lewis
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